quarta-feira, 15 de março de 2017

A ESTRATÉGIA VITORIOSA DAS FACÇÕES CRIMINOSAS NO RN




Por Erick, O Caçador



    A Guerra das Facções, entre si e contra o Estado, segue com força total: se 2016 foi considerado "o ano mais violento da história", 2017 começa a ser a quebra do recorde, como os 484 assassinatos em 70 dias dão prova...



    As Facções PCC e SDCRN se matam entre si livremente, em sua Guerra Particular pelos negócios, favorecidas pela falta de policiamento ostensivo e investigativo. Armas pesadas como fuzis e pistolas privativas das Forças Armadas já fazem parte do cotidiano das ocorrências policiais; As Facções divulgam materiais nas redes sociais em áudio e vídeo, onde se delineia um discurso social no qual se fala de uso das armas para "combater a opressão" e obter "liberdade"... Objetivos especificamente Políticos são claros, pois alguns comunicados se dirigem ao governo ( reivindicando "Direitos" e fazendo ameaças de ataques terroristas) e outros à população ( justificando os atos terroristas e declarando que as Facções nada tem contra a população)... Inegável é a disputa pelo domínio territorial de regiões inteiras, onde o Estado cedeu por fraqueza. Tecnicamente, temos uma Guerra Civil, de tipo "insurreição" ou "insurgência", onde grupos combatentes (formados originariamente no Sistema Prisional) estão em pleno processo de implantação de Estados Paralelos, num cenário de Conflito de Baixa Intensidade. Como o Governo reluta em admitir tais fatos, não há a mobilização de Estado, a nível nacional, que permitiria a erradicação dos grupos terroristas, nos moldes do que aconteceu no combate exitoso a organizações assemelhadas nos anos 60 e 70. Com os insurgentes superprotegidos e as Forças de Segurança de mãos atadas, a Guerra vai sendo perdida pelo Estado Democrático de Direito.





    Na Grande Natal, em virtude do interesse em obter apoio popular, as Facções proibiram pequenos assaltos ( a pedestres e pessoas de aparência humilde), orientando seus filiados para direcionar as ações contra comércios, lotéricas e bares/restaurantes. Arrastões em residências de Classe Média e casas de praia estão em alta, bem como o roubo de veículos. Com isso, ganharam também certo silêncio da mídia televisiva, que se compraz em apresentar "dramas da pobreza", mas não dá muita bola para as causas sociais de pessoas que tem o nível de renda um degrau acima.



     Somente a falência gigantesca do patrulhamento das ruas pode explicar a absurda quantidade de carros e motos tomados de assalto diariamente; somente a precariedade enorme da estrutura de investigação/inteligência para não elucidar a cadeia logística dessa modalidade criminal: afinal, onde vão parar os milhares de veículos roubados todos os meses? A taxa de recuperação é mínima.



    O tráfico de drogas já chegou a um nível absurdamente alto, impune e rentável. Não se cogita mais sequer em acabar com essa modalidade criminal pois, já vai a tanto o desmantelo, que todos ficariam felizes só de conter o crescimento desse ilícito que articula outros ilícitos! Mas a Sociedade está sendo derrotada implacavelmente, mesmo nessa modesta meta: é dentro das próprias famílias que o tráfico de drogas tem seus principais defensores e seu mercado consumidor. Os traficantes vivem de abastecer os viciados ; A derrota da sociedade começa por dentro dela mesma. O viciado "cabeça" grita por "legalização", enquanto a Facção Criminosa a quem ele dá lucro ri e diz:"NÃO!" A estratégia é apresentar as drogas como fonte de bem-estar e alegria, ou mesmo "expansão da consciência", a despeito do meio milhão de vítimas fatais do uso direto das tais substâncias ( dados da OMS) e os dramas familiares/sociais que sobejam no rastro dessa desgraça. A estratégia do Crime Organizado está prosperando nas Vaquejadas, Encontros de Paredões e Shows musicais... E no dia-a-dia também!


    Assaltos a banco a partir do domínio de cidades inteiras, com fartura de explosões e tirotear espetacular de fuzis já estão no cotidiano do interior, sem que haja à vista uma solução a nível tático, para o problema. Arrombamentos e assaltos a correios, todos os dias ocorrem, praticamente. Esse tipo de crimes, junto com o tráfico de drogas, são apontados como a principal fonte de renda das Facções Criminosas como estrategicamente o crime tem se adiantado, em iniciativa, ao Estado, não há como deixar de assinalar a vitória das Facções em mais esse front.




    Ações coordenadas contra as Forças Policiais acontecem em duas frentes: a primeira é na realização persistente de ataques incendiários ou à bala contra Delegacias e Bases PM; A segunda é no ataque sistemático as pessoas dos policiais, em si, e suas famílias. A coordenação entre as duas linhas de ação, somadas ao abandono da categoria Policial pelo Estado - a começar pelos fracos e atrasados salários, passando pela falta de apoio e chegando às raias de uma criminalização velada - tem obtido êxito na imposição de uma "atitude defensiva" nas Forças de Segurança. Com o Poder de Iniciativa nas mãos, o Crime subjuga o Estado numa contradança de sucessivas derrotas, muito mal disfarçadas pelas maquiagens propagandísticas de autoridades cada vez mais sem credibilidade.



    O Judiciário segue soltando presos nas audiências de custódia e, aparentemente, numerosos  magistrados acreditam que com menos criminosos presos, tudo vai melhorar.  Nisso, estão em sintonia de idéias com os membros das Facções Criminosas e seu exército de advogados, que naturalmente almejam obter a impunidade para o banditismo, não importando o mecanismo ou o discurso de fachada... Mesmo assim, já há notícias de ataques ao Poder Judiciário no RN, talvez, só para mostrar quem tem a força, de fato. E pegue Alvará de Soltura, concessão de regime semi-aberto e prisão domiciliar! Tornozeleiras eletrônicas estão desfilando nos Shoppings e nas notícias de bandidos pegos em flagrante ( de novo).




    A ameaça de morte às altas autoridades do Estado é outra estratégia que tem dado certo para as Facções Criminosas, pois uma das explicações para a inexplicável letargia no combate a um problema tão agudo é exatamente a falta de coragem pessoal ( em quem tem o Poder) para fazer o que deve ser feito e vencer essa Guerra. Ao contrário, as manifestações de autoridades demonstrando indecisão ou hesitação, em meio a discursos e ações contraditórias entre si, só tem encorajado os combatentes do crime organizado a agir com mais firmeza e audácia.



    A Estratégia das Facções Criminosas tem sido vitoriosa por conta de se fazer em cima de  uma sociedade  doente, apática e de um Estado desorientado, fraco, que não lhe combate. A corrupção é o criadouro dessa derrota!




    O Plano Nacional de Segurança Pública, lançado em Natal, está razoavelmente bom para destruir, a nível estratégico, o trabalho do Crime Organizado? Ainda não vimos resultados.



    Que os que leiam estas linhas reflitam sobre as razões estratégicas da derrota de uma Sociedade Democrática, para a Escória Criminal.


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