segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

PLANTAS DE PODER, PSEUDO ESPIRITUALIDADE E TRÁFICO DE DROGAS

PLANTAS DE PODER, PSEUDO ESPIRITUALIDADE E TRÁFICO DE DROGAS




Por Erick, O Caçador



    Desde que Carlos Castaneda lançou seu best seller mundial "A erva do Diabo", nos anos 60, livro onde relata sua suposta iniciação em feitiçaria por um "brujo" mexicano, o interesse pelo consumo de plantas alucinógenas para fins espiritualistas adquiriu grande interesse no Brasil, virando um verdadeiro modismo, impulsionado pelo movimento hippie ( anos 60 e 70), bem como pela ascensão de cartéis de drogas na América Latina ( a partir dos anos 70).



    O termo "plantas de Poder" se refere a espécies vegetais que, quando consumidas pelo ser humano, produzem alterações na consciência. No contexto religioso, tais alterações ou efeitos enteógenos, são consideradas como vislumbres do mundo espiritual.



    No Brasil, há várias religiões legalmente registradas que utilizam tais plantas em seus cultos. Ressaltando que estas religiões merecem respeito e que seus fiéis exercem a liberdade constitucional de crença, citamos como exemplos o Santo Daime, a União do Vegetal, a Barquinha ( credos onde se ingere o chá Ayahuasca ) e o Culto da Jurema ( onde se ingere a bebida de mesmo nome,  composta de várias espécies vegetais). Há também o registro oficial , de denominações de credo Rastafari - embora o consumo de maconha como sacramento seja vedado pelas autoridades brasileiras, o que cria uma séria questão para seus seguidores. É desse tipo de meandro legal que trata o presente artigo.



    A primeira coisa que se deve ter em mente é que as leis brasileiras antidrogas fazem distinção do uso religioso, devidamente registrado em órgão apropriado e em locais de culto de conhecimento das autoridades competentes, do uso informal ou meramente recreativo das mesmas substâncias. No primeiro caso, pode haver permissão legal. Em outros casos, há o enquadramento criminal na Lei Antidrogas, com todas as suas consequências.



    O fato é que, sob a égide de uma pseudo espiritualidade, o vício em drogas alucinógenas se dissemina entre certa parcela da população, alimentando o tráfico , dando poder às Facções Criminosas e turbinando a violência. Supostamente adeptos de um Sagrado Divinal, viciados e traficantes de drogas ( na forma da lei) com discurso religioso deturpam qualquer sentido positivo que sua devoção poderia ter, ao se associar ao crime.



    O caso mais típico é o da maconha, droga de grande mercado consumidor e uma das principais fontes de renda do Crime Organizado em Facções, junto com a cocaína e o crack. Há uma multidão de usuários de maconha que alegam consumo da planta para "abertura de consciência" ou  "acesso a um entendimento espiritual", sem qualquer escrúpulo com relação a sua contribuição ( como clientes do crime) ao aumento de assassinatos, roubos, furtos, sequestros, assaltos a banco e corrupção - que são algumas das outras atividades dos seus fornecedores de drogas, além do Tráfico. Quando se pergunta geralmente a um fumante de maconha de onde veio o cigarro que está fumando, a resposta é "não sei", na esmagadora maioria dos casos. Às vezes, o maconheiro ( que dificilmente se admite viciado, mesmo quando fuma todos os dias), entabula desculpas do tipo "eu não compro em boca-de-fumo, pego com um amigo", para mascarar a inconveniente realidade de que sustenta uma teia de crime, sangue, armas, miséria humana e vício. Tais usuários são, a mais das vezes, pessoas que tem boa escolaridade, oriundas de bom extrato social, com bagagem cultural e trabalhadoras. Mas, pelo vício, douram a pilula de seus atos, se negando a ver a ligação óbvia entre a "paz artificial" proporcionada pelas drogas ilícitas e a Insegurança Pública.



    Com efeito, mesmo após um viciado admitir toda a lógica descrita acima como realidade fática, ainda dirá: " mas não é por isso que vou parar de fumar" ou  sairá pela tangente com um " deveriam legalizar". Então caem por terra todos os racionalismos possíveis, pois o vício não tem lógica, é uma dependência química e psicológica, tão somente, que o usuário "espiritualizado" mascara com ilusões de cunho religioso, mesmo quando o consumo se dá em ambientes informais ou em descarada recreação. É um títere do vício, embora não se aceite dessa maneira.



    Mas esse tipo de drogado não é só títere do vício, também é das Facções que lhe vendem a muleta psicotrópica, pois que defendem uma "paz" que é contra as leis e a Polícia, mas apoiam o tráfico com seu investimento em dinheiro e com sua adesão a um humanismo equivocado - do qual o maior expoente no Brasil é o chamado "Direitos dos Manos". Com toda a sua inteligência, não imaginam eles que as Facções Criminosas que traficam essas drogas desde as fronteiras, simplesmente não vão querer permitir a utopia da legalização das drogas ( nem que seja apenas da maconha), pois seu poder crescente se baseia justamente no comércio lucrativo dentro da ilegalidade... Em outras palavras, ironicamente, o ativista da Marcha da Maconha é o principal apoiador e financiador dos maiores inimigos da legalização; A Banda de Reggae que grita "Jah", num show enevoado de fumaça de cannabis, está dando poder aos presidiários que  esquartejam seus inimigos e fazem churrasco humano...


    ... Mas ainda há mais: o dogma básico dos ramos espirituais que utilizam as plantas de Poder é o de que, através dessas plantas, os fiéis acessam "correntes de espíritos de luz", regiões do "plano astral" ou mesmo a intenção humana "imantada" na(s) planta(s) enteógenas durante seu preparo ritualístico. Como me disse uma fonte especialista no assunto: "A que tipo de Astral Trevoso ou corrente negra, se submete uma pessoa que ingere uma planta de poder maltratada por criminosos da pior espécie e banhada das emanações de crime e tristezas de todo o tipo? Só pode ter um efeito espiritualmente mau essa utilização!"



  A promiscuidade entre pseudo espiritualistas viciados em drogas e os criminosos comuns, ainda tem o efeito colateral de corrupção do uso tradicional das Plantas de Poder ( consideradas sagradas por seus legítimos adeptos religiosos). Tal foi o caso da planta Coca, de uso milenar nos altiplanos andinos, mas agora quimicamente tratada para produção da cocaína e do crack, duas grandes desgraças da humanidade. Similarmente, criminosos e devotos corrompidos da religião Jurema estão atualmente em parceria para produção de cristais sintetizados de Dimetiltriptamina, ou DMT, que vem a ser o princípio ativo enteógeno da bebida servida nos cultos. Com isso, ao mesmo tempo que estão violando a constituição divinal ( aos olhos dos adeptos), realizam o malefício de por no mundo outra droga desnaturada, capaz de destruir a sanidade das pessoas e corroer tudo que é bom e belo. Os verdadeiros  religiosos não se articulam com o crime, tampouco agem para degradação da vida social, mas o Mal se disfarça de muitas formas!



    Para quem comunga ou simpatiza com esse tipo de credo, fica a reflexão.




Erick Guerra, O Caçador

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