terça-feira, 7 de março de 2017

QUEM QUER UM PRESÍDIO NA SUA VIZINHANÇA?



Por Erick, O Caçador





    O Governo do RN, que há muitas gestões anteriores não se preocupou com a construção de Cadeias Públicas em número para dar conta da repressão a crescente criminalidade, agora tem de fazer tudo em emergência, devido à Crise Penitenciária que virou notícia internacional.




    Está em elaboração um Plano Diretor Penitenciário, coisa que já deveria existir há tempos, com prazo de entrega para abril. Dados divulgados pela SEJUC falam da criação de 3.900 vagas para detentos em 05 anos. Em Ceará-Mirim, uma obra avança e, quando pronta, fornecerá em torno de 700 vagas prisionais. Há um recurso Federal para construção de presídios da ordem de 31,9 milhões já em caixa - só faltando ao Governo do Estado enviar ao Departamento Penitenciário Nacional o detalhamento do que vai fazer, onde, como e em que prazo  - isso até o dia 10 de março de 2017 -  sob pena do recurso voltar à fonte, como já aconteceu tantas vezes nesse Estado.



    Aí vem a pergunta: e quem quer um presídio? A simples menção de uma cidade como possível local para construção de Penitenciária gera localmente uma onda veemente de protestos! No momento, é exatamente o caso da cidade de Assu, onde a Sociedade está em reboliço com a simples notícia de que um terreno do município atende às especificações técnicas do projeto de construção de uma unidade prisional. No município de Afonso Bezerra semelhante aconteceu. E agora? Quem quer um presídio na vizinhança?




    Se o Governo do RN não contornar essa delicada questão política até o dia 10 de março, será grande o prejuízo para a combalida Segurança Pública Potiguar. Afinal, temos que ter sabe-se lá quantas cadeias, para dar conta da Era do Crime que veio no rastro da Era PT, nesse Brasil. Nunca o País esteve tão entregue à criminalidade! O sonho dos Direitos dos Manos se realizou, pois o crime hoje compensa. E o povo teme o Poder Presidiário...



    O "X" da questão é que a população não aguenta mais a Insegurança Pública, não confia no Governo nem em políticos, e tampouco é ignorante da realidade de que um presídio atrai para seus arredores a moradia de  presidiários do semi-aberto, famílias de bandidos ( que apóiam seus entes queridos e, às vezes, são envolvidas no crime também), bem como a instalação de uma filial local das temidas Facções Criminosas. É sabido por todos que o Estado brasileiro corroído pela incompetência, corrupção e pelos Direitos dos Manos, está perdendo feio a Guerra Civil contra as Facções. Nenhum discurso bonito vai impressionar mais a população interiorana do que as imagens recentes da selvageria na Penitenciária de Alcaçuz, enquanto as Autoridades eram motivo de deboche por demonstrarem na pele a fragilidade triste de "um poder que não pode" contra seres humanos criminosos organizados em Facções. São os fatos.



    Tais fatos são amplamente corroborados pela experiência recente da Sociedade inteira, bastando para isso acompanhar o noticiário Policial, repleto de ocorrências envolvendo foragidos de presídios, presidiários com tornozeleiras ( semi-aberto), chacinas promovidas nas ruas por Facções, etc,etc,etc. Com toda boa vontade do mundo... Quem quer receber esse investimento em Segurança Pública na sua própria cidade, que não tem investimento na Polícia Militar, nem na Polícia Civil, nem em Escolas ou Hospitais? Quem quer um presídio na vizinhança?




    Essa é a outra face da crise gigantesca na credibilidade das Instituições Nacionais Republicanas: o cidadão médio não confia no efetivo policial ( que todos sabem sem condições de trabalho), não confia no Judiciário ( tido como moroso e benevolente com vagabundos), tampouco tem confiança nas novas promessas de um Executivo que tem se caracterizado por não-cumprimento das promessas de campanha eleitoral. Só numa coisa o cidadão confia, mais do que em seu próprio incerto futuro: todo homem e mulher de bem desse país sabe ( confiança como certeza) que os criminosos deitam e rolam, tocam o terror e não tem repressão à altura. Ninguém quer favorecer ser vítima desarmada e desamparada de vagabundos impunes? E, também é notório, os presídios são exatamente o foco de criadouro do Poder Presidiário que comanda as trevas no Brasil.



    Pense nisso, você que lê essas linhas e junta os pontinhos. Dada a conjuntura, quem diabos ia querer um presídio na vizinhança? Talvez, um advogado criminalista, pois estaria pensando em advogar para bandidos, como fonte de renda. Talvez, um figurão local, interessado em vender caro ao governo seu terreno de baixo valor. Mas... E você? Você quer um presídio na sua vizinhança?




    Enquanto esse país não se aprumar de colocar no Poder gente decente e capaz, que acabe com a farra de criminosos e vagabundos, que arroche o nó na folga dos cínicos defensores de tudo o que não presta - enquanto uma revolução do bem, da Justiça e da honestidade não der uma purgada nessa Nação, não vai ter presídio que contenha essa canalha infecta. Até lá, ninguém vai querer um coletivo de bandidos instalados numa Academia de Bandidagem, próximo de sua vida. O que você me diz?




Erick Guerra, O Caçador                      

Um comentário:

  1. Caçador, vc é uma potência máxima conhecedor do assunto segurança pública e prisional. A maioria não quer presídio em sua vizinhança.

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